quinta-feira, 26 de maio de 2011

Análise da tela: Enterro na Rede de Cândido Portinari.

*Kelly Saraiva  


A pintura é composta inteiramente por linhas, em especial por linhas intensas, que dão a impressão de uma arte entalhada, sombreamento e em algumas partes de tri dimensão. Suas linhas (retas e curvas) são perpendiculares, pois a imagem é repleta de eixos.
A personagem na primeira camada apresenta dedos das mãos retangulares e pés circulares, seus braços e costas formam um triangulo assim como a rede que sobrepõe. A mulher na camada inferior é exclusivamente curva e sua mão fechada quase forma um círculo. Os homens são uma junção de retângulos, alguns inclinados (cabeças) outros por retângulos retos e em diagonal (pernas e braços).
 Em primeiro plano, uma mulher vestindo roupas esfarrapadas, mãos erguidas aos céus como se quisesse alcançar algo, seus joelhos não chegam a encostar no chão o que dá uma imp´pressão de movimento, como se ela estivesse se jogando ao chão em um ato de desespero. Em segundo plano, a rede em forma triangular que carrega o falecido, o ponto principal da tela. No terceiro plano os homens curvados, calças dobradas até o joelho, aparentemente cansados, que carregam nos ombros a rede, pequenas cabeças e grandes corpos o que denota pouca inteligência e muita força, por conta dos trabalhos manuais. Logo atrás, no quarto plano a segunda mulher, ajoelhada com a cabeça coberta em fervorosa oração lembra uma imagem sagrada. Pés descalços e aparentemente rachados são comuns entre os personagens. O artista notadamente usa os joelhos dobrados dos personagens para reforçar o pesar da morte. No quinto plano uma paisagem confusa, sem uma forma definida.
O contraste entre as cores traz um sentido fúnebre. Se bem observarmos a pintura poderia ser feita sobre qualquer cor (fria) quando se mantivéssemos os traços em cores fortes. Mesmo assim os elementos que compõem  a figura continuariam com mesmo o significado.